terça-feira, 16 de outubro de 2007

Primeiro Tratado - Diferencial pessoal

Por Elizeu Rodrigues dos santos, editor
Hoje, 06 de Agosto de 2007, um ano após iniciar meus trabalhos de ler e escrever sobre assuntos de caráter cristão, começo a passá-los ao Word em forma de texto-livro, pois adquiri um computador. Muita coisa ainda escreverei, sempre colocando a data para me localizar no tempo. Dessa forma estarei situado no tempo e espaço da mudança no sentido de minha vida. Tudo isso para honra e glória do nome de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, e de Nosso Eterno Deus e Pai, Senhor dos céus e da terra.
Início de tudo (01/08/2006)

O que quero de bom pra mim é o mesmo sentimento que tenho ou desejo a meu irmão? Minha pregação está dotada de excelente poder em eloqüência? E na letra, livros, palavras que não são minhas, cópias e cópias de grandes e modernos pregadores? Será que aquela voz na tribuna é minha mesmo ou me transformo em um artista ao pegar o microfone? Deixo fluir e transparecer aquilo que sou em casa dentro ou nos átrios da igreja? Aos amigos de trabalho e onde estudo, será que eles sabem que aquilo que vêem em mim é o retrato do que sou em casa ou na igreja? E no almoço de domingo com parentes, eles conseguem visualizar aquilo que realmente sou em casa, como pareço ser na igreja? Se estou na fila do banco, no consultório médico ou hospital, no supermercado, na praia ou em qualquer outro lugar, as pessoas conseguem notar ao contemplar-me junto a esposa e filhos, que somos diferentes deles? Eles conseguiriam identificar que por maiores dificuldades que pudéssemos enfrentar, elas não mudariam aquilo que Deus passou aos homens no passado e que, depois Jesus fez, sendo homem idêntico a nós?
Até parece que comecei meu trabalho com muitas perguntas. Como somos homens naturais, apesar da posição que possamos ter ou desempenhar, as perguntas são feitas muitas e muitas vezes dentro de nós, buscando o desfecho daquilo que aprendemos.


Em Mt 25, Jesus ouve uma seqüência de perguntas inquietantes: “Quando te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? Ou nu, e te vestimos? E, quando te vimos enfermo ou na prisão e fomos te ver? ( vv. 37,38 e 39)”. Os escolhidos por Cristo perguntam isso pois ouvem Jesus elogiá-los, chamá-los “benditos de meu Pai”, e que “possuirão o Reino que lhes está preparado desde a fundação do mundo”, mesmo que eles não buscassem isso em sua caminhada, como sendo algo mais importante do que compartilhar com seu próximo tudo que para eles era normal, e que o Jesus dos evangelhos sempre priorizou.
Para eles, que foram contados como ovelhas e tirados do meio de bodes, tudo parece novo. A novidade de vida da qual a Bíblia nos relata em Rm. 6.4, fala que o batismo para nós hoje é como a morte de Jesus Cristo na cruz. Começa com a morte do nosso velho ser, e a ressurreição de uma nova criatura, um novo ser. É ser contado como ovelha, mesmo andando com bodes. Assim Jesus falou de diversas maneiras e por inúmeras vezes nos evangelhos, coisa que nem nos salmos alguém poderia encontrar.


Em Mt. 24 Jesus ministra ao povo necessitado, pobres, velhos, aleijados, crianças, ricos de bom coração e até espias dos sacerdotes (religiosos), um sermão que para nós foi intitulado profético, devido a excelência das palavras e a dureza da doutrina. Nos vv. 40 e 41 fala que estando dois no campo, um será levado e o outro, deixado para trás (homens). Estando duas no moinho, será levado uma, e a outra, deixada para trás (mulher). Qual será a marca que o Senhor Jesus vai requerer nesse dia e que fará a diferença entre o bode (ímpio religioso) e a ovelha (servo justo)?
Sem querer ser muito observador, olhamos a pregação de Jesus ao povo. Ele diferenciou o povo sem em momento algum citar obras, posição externa quanto a trajes, cargo político ou eclesiástico, etc. Até a dispersão de pessoas que a lei ordenava por serem leprosos, prostitutas, as pessoas que a religião tinha por pecadores, pois viviam doentes, fracos, na pobreza, não foi em momento algum colocada em questão por Jesus. O ponto de contato fundamental e diferencial que Jesus sempre usou é o que encontramos nos evangelhos.


Os fariseus, religiosos conservadores da tradição pós-cativeiro, devido ao avivamento que profetizou Habacuque, perguntam a Jesus qual é, de tudo aquilo que o líder Moisés deixou, o maior e mais importante mandamento. Jesus então fala exatamente o que eles queriam ouvir: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento (Mt. 22.37)”. Pela primeira vez, os jovens fariseus, intelectuais, estudados, teólogos, acreditam ter conseguido fazer Jesus falar o que eles sempre ouviram nos últimos quatrocentos e setenta anos. No momento da resposta de Jesus, eles creem que, devido a eloquência e sabedoria em formular uma excelente pergunta, isto foi o ponto chave para a boa resposta que Jesus deu a seus olhos.


Com certeza lembram-se de seus adversários doutrinários, os saduceus, pois sabem que Jesus os haviam deixados mudos na mesma sinagoga. Seus corações estão cheios de alegria, pois a resposta de Jesus, a princípio, era tudo o que eles aprenderam no grupo fariseu. A lembrança de Moisés os deixava totalmente certos em sua crença. O que ele escreveu no Sinai, até o “profeta” Jesus, de sua época, lia e sabia a grande importância que tinha a lei. Estão já satisfeitos ao perceber que aquilo que falam de Jesus não é verdade. No caso dos saduceus que ficaram calados e mudos com a resposta de Jesus, acreditam eles que, como não foram bons em elaborar a pergunta, Jesus deu uma resposta que não os agradou. Como não os agradou, calaram-se sem saber o que replicar ao Mestre. Os fariseus pensam que haviam conseguido fazer com que o Mestre Jesus não se alterasse nem começasse a falar para o povo que o seguia da mesma forma que falou aos saduceus.
Para nós hoje, também são parecidas as situações. Muitas vezes alguém nos pergunta algo e a resposta que deveríamos dar causará algo ruim entre nós e a pessoa que disse ou perguntou tal coisa. O medo de que o que dissermos, mesmo certos e com o nosso testemunho mesclando palavra por palavra, faz-nos responder ou dizer coisas que nos deixam em boa posição em relação à pessoa que nos inquiriu ou a quem falamos algo.”


Pela primeira vez, Jesus seria um profeta bem visto pelos fariseus e demais sectários. O que eles não tinham ideia era o que viria depois. A conclusão de sua primeira parte à resposta inquirida foi: “Este é o primeiro e grande mandamento”. O júbilo do credo farisaico muda quando Jesus continua sua locução: “E o segundo semelhante a este é: Amarás a teu próximo como a ti mesmo (Mt. 22.39)”. Concluindo, Jesus fecha sua metodologia de que bodes e ovelhas, ímpios e justos, isto é, todos vivem debaixo do primeiro e segundo mandamentos de Deus. Completa dizendo que “desses dois dependem toda lei e os profetas (Mt. 22.40)”.
Diferencial pessoal, isto foi o que Jesus sempre procurou. Amar a Deus, ser servo fiel, ser filho amado do Pai, ser discípulo, obreiro, cantor de hinos e autor de poesias e salmos. Como é bom ouvir isso de Deus! Como será dizer que amamos a Deus, o qual Moisés não suportaria vê-lo frente a frente, se não nos importarmos primeiro com o nosso próximo? Ser religioso será que diferenciará alguém no dia da volta do Salvador? Se estivermos aguardando a ressurreição de nosso corpo para a vida eterna, a religiosidade será o elemento mais importante perante Jesus, ou só saberemos a verdade na segunda ressurreição, para a morte eterna?


Paulo, em Atenas, os acha muito religiosos (supersticiosos), pois tinham muitos altares e templos, um para cada deus dos quais eles adoravam (At. 17.22). Chama-os de religiosos, uma coisa que ele foi por 40 anos, até ser chamado por Jesus Cristo no caminho para Damasco. Tiago escreve em sua epístola que “se alguém diz ser religioso (cristão?) e não refreia a sua língua, engana-se a si mesmo, e a sua religião não vale coisa alguma”. O apóstolo Tiago é usado de forma profética e coloca um ponto final ao termo religioso-cristão: “O cristão puro e sem faltas, do ponto de vista de Deus, o Pai, é aquele que cuida dos órfãos e das viúvas, e cuja alma permanece fiel ao Senhor, sem contaminar-se e nem ao menos sujar-se em seus contatos com o mundo (Tg. 1.26,27)”.


Jesus sempre buscou algo no coração do homem. Religião por si só não é nada. Ser cristão em trajes só para que as pessoas do mundo digam “lá vai um crente”, sem que vejam o ponto diferencial que Jesus sempre pregou em seu curto e frutífero ministério, não habilitará o crente a ser um servo por completo. Será falho e achado em falta, e talvez nem será separado como ovelha. Em Lc. 10.25-37 Jesus novamente é inquirido por um certo doutor da lei, que pergunta ao Mestre o que deverá fazer para herdar a vida eterna. Como Jesus sabe que o doutor da lei quer fazê-lo errar, pergunta então ao doutor o que ele tem lido na lei. Esse certo doutor da lei, que deveria ser até mesmo um dos fariseus que já o haviam inquirido tempos atrás sobre o grande mandamento de Deus, já sabia a resposta. Assim como Jesus havia dito na sinagoga (Mt. 22.34-40), o doutor da lei apenas repete: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento; e ao teu próximo como a ti mesmo (Lc. 10.27)”.


Como um interrogatório de polícia ou a sessão de um julgamento, o doutor da lei usa o que Jesus falou e que os deixara estáticos, parados, só para ver o que Ele diria em sua réplica. Como um grande advogado, o doutor da lei fala o que aprendeu com o Mestre, querendo que Ele erre feio, falhe, diga algo para que o povo perceba que seja heresia a lei mosaica. Jesus tão somente o elogia dizendo: “Respondeste bem. Faze isto e viverá (v.28)”. A situação que era boa ao doutor da lei que respondeu a Jesus com suas próprias palavras, o faz ver que, do jeito com que Jesus o elogiou, mais e mais o povo o chamará de Rabi. Sem saída, ele usa de sua eloquência e perspicácia se justifica a Jesus, perguntando: “E quem é o meu próximo, Rabi? (v.29)”.


Muitas e muitas vezes, mesmo sabendo o que diz a escritura, da maneira como Jesus ensinou, achamos que iremos ter que fazer muita coisa pelo nosso próximo. Muito? E tal qual o fariseu doutor da lei repassamos a pergunta a Jesus, como os amigos de Jó fizeram com ele. Vemos os erros dos outros e nunca os que estão em nós. Muitos sacerdotes e levitas da época de Cristo, os quais deveriam ser exemplo em tudo, somente forjavam duras questões para os pequenos, sem alfabetização, sem o livro sagrado para ler e meditar, sem nada e para eles estava tudo certo. Quando viram o judeu todo estropiado, roupas rasgadas, roubado, pensaram ser mais um mendigo qualquer que dormira ali e sequer olharam. Aparece então um homem samaritano o qual Deus, assim como fez com Jó, o enche de elogios e diz que ninguém há igual a ele. Frente a Satanás nas alturas, Deus elogiando um samaritano? Será? Claro! Jó não era israelita, muito menos descendência de Abraão. Mesmo assim ele é considerado na palavra de Deus como um dos homens mais piedosos de todos os tempos (Ez. 14.14).


Jesus deu água viva aos samaritanos. Ele quer que da mesma forma aproveitemos toda e qualquer oportunidade e demos da água da vida aos que nos ouvem. O samaritano fez tudo aquilo que nosso Deus almeja que façamos pelo nosso próximo: ajudou-o. Aí está o diferencial de Jesus Cristo para nossas vidas. O jovem doutor da lei quando houve a história do samaritano, sai em disparada, pois nem próximo algum, a não ser que estejam entre os seus companheiros de sinagoga, muito menos samaritanos, estão em sua lista de ajuda.


Temos que exceder em todas as coisas que fazemos, para que o nosso Deus e Pai celestial perceba a mudança em nós. Este é o grande diferencial que Jesus sempre ensinou. Se Jó não fosse tudo o que Deus disse a Satanás, sua vida terminaria como estava, na maior miséria espiritual. Ele sendo riquíssimo financeira e espiritualmente, porém sua família que era por vezes idólatra, fazia-o sacrificar a Deus pelos pecados dos filhos, dos amigos, dos servos. Se Jó fosse como os outros a sua volta, Satanás nem se preocuparia em tentá-lo, pois já faria parte de seu time. Mas como ele era voltado para Deus em uma terra idólatra, Deus o contou como reto, sincero, temente a Deus e desviando-se do mal.


Essa diferença é o que Deus busca em seu povo, através do sacrifício vicário de Cristo, seu Filho. Tudo o que Jesus ensinou nos fará ir ao céu conforme tudo que dele aprendemos: OVELHAS DO MESTRE!!! Uma frase contida no código do “Ambiente Sadia” diz: “Não sabendo que era possível, foi lá e fez!”, em alusão ao grande empreendedor Atílio Fontana, fundador da Sadia S.A., uma das maiores empresas de produtos industrializados do mundo. Isso realmente é o que devemos sempre ter em mente: Fé! No final, ouviremos o grande chamado para estar junto de nosso Senhor e Salvador Jesus: “Vinde, benditos de meu Pai. Possui por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo...”

Primeiro Tratado – 01/08/2006, foi o primeiro texto escrito em meu diário, após meu acidente automobilístico em 2 de Maio de 2006. Aqui comecei os meus três anos na Arábia (Gl 1.17,18)

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