quarta-feira, 20 de maio de 2009

Este foi ter de noite com Jesus

"E havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus. Este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és mestre, vindo de Deus, porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele." (Jo 3.1-2)
Nicodemos, homem judeu crente, de integridade, bondade, retidão, nos traz um exemplo bom àqueles que não querem ser crentes como ele, que só via Jesus a noite. Ouvi um testemunho muito bonito no domingo passado. O casal onde almocei contou-me que havia recebido uma carta de sua ex-nora, pedindo o seu perdão. Na carta ela dizia que os tinha como pais, e que se sentia arrependida por tudo que havia acontecido entre eles, desde a separação com o filho deles. O casal estava contente, por ter tido este reconhecimento da parte de sua ex-nora. Me disseram que ela realmente se arrependeu da separação, e que talvez quizesse ter uma reconcialação com o seu filho . Depois de perceber a alegria deles com o fato ocorrido, indaguei: "A senhora aproveitou a situação para pedir perdão à ela também?"
Na vida cristã hoje as coisas ocorrem da forma como acontecia com o senhor Nicodemos, príncipe dos judeus. Ele conhecia a palavra de Deus, ia aos cultos diariamente nas sinagogas, dava seu dízimo e suas ofertas, orava, guardava o sábado, etc, e sabia reconhecer a presença de Deus na vida de um profeta (no caso, Jesus). Entretanto, Jesus fala abertamente com ele sobre um novo nascimento, o ato de quem quizesse servir a Deus deveria tornar-se nova criatura. Durante o dia e nas sinagogas, ele era o mestre. Porém, cheio de dúvidas, vai procurar Jesus de noite, escondido, pois para a comunidade religiosa da qual ele fazia , Jesus era tido como um falso profeta, um sectário.
Jesus lhe explica pausadamente sobre a necessidade de um novo nascimento, do fato de os judeus denominados "povo de Deus" se tornarem nova criaturas, nascerem de novo. O príncipe dos judeus, como muitos hoje, dá uma de "João sem braço", e faz uma pergunta razoavelmente infantil se tratando de um doutor em teologia: "Como pode ser isso? (v.9)". Também conhcemos toda a parte teológica e teórica de ser nova criatura, como no caso de Nicodemos. Mas aos sermos indagados por alguém redarguimos como o príncipe dos judeus: "Como...?"
A senhora então me diz que jamais fez algo pra sua ex-nora. Que gostava dela, e a tinha como filha. Que nunca fez mal nenhum para remetente da carta. Eu lembrei a senhora que ela sempre chamava sua ex-nora de vagabunda, e sua resposta foi: "Ela é vagabunda mesmo!". Coloquei então que Jesus jamais chamou a samaritana por este nome, ainda que ela merecesse. Nem pediu que ela trouxesse seu 5°, 6° marido. Eles me falaram que Jesus fazia isto porque era Deus. Falei sobre o perdão, e citei a frase do pr Silas Malafaia que diz: LIBERA PERDÃO! Mas o crente de hoje, assim como Nicodemos, príncipe dos judeus, teólogo, vive servindo a Deus cantando, orando, indo à igreja, porém não faz o mais simples, que na realidade ao homem carnal é difícil: RECONHECER QUE NÃO SOMOS NADA!
Será que o sacrifício de Jesus foi para tornar-nos da mesma forma que a comunidade judaica do primeiro século? "Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nela a vida eterna(Jo 5.39)" era o pensamento deles, e creio que temos o mesmo pensamento. Vivemos parecendo, simplesmente parecendo. O ser, ou como acompanhamos na vida de Nicodemos, nascer de novo, é muito difícil.
Jesus não gosta de pessoas que apenas aparentam algo, como a figueira, ou como os sepulcros ou como... Jesus morreu para "sermos novas criaturas". Parecer por parecer, ou judeus já faziam a mais de mil anos: "Aprendei a fazer o bem, praticai o que é reto... (Isaías 1.17)"